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Opening - Módulo Centro Difusor de Arte
23/03/13, 18h – 20h
Horário: terça a sábado, das 15h às 20 horas
Até 4/05/13
MÓDULO – CENTRO DIFUSOR DE ARTE - Calçada dos Mestres, 34 A – 1070-178 LISBOA
Press Release:
Tito Mouraz apresenta finalmente em Lisboa a série fotográfica Open Space Office que tem colhido uma larga atenção internacional, são vários os artigos saídos em revistas internacionais de fotografia, assim como inúmeros os comentários em blogs. Ainda recentemente em Madrid, na Just Mad o trabalho exposto desta série foi muitíssimo comentado. A partir de 29 Junho esta série fotográfica será apresentada no Museu da Imagem, em Braga, e mais tarde no Festival PHOTAUMNALES, em Beauvais (França).
“O espaço começa quando olhamos para algo de distante do lugar onde nos encontramos...”, escreve Gus Blaisdell no ensaio sobre a obra do fotógrafo americano Lewis Balz.
No ensaio referencial “Problema da forma”, o escultor alemão Adolf Hildebrand distingue duas formas diferentes de ver; a visão pura, com os olhos e o corpo imóveis, captando uma impressão única, clara e planar de uma forma, uma “imagem distante”; e o oposto, a visão cinética, com os olhos e o corpo em movimento, num aproximar, num rodear ou no penetrar do objecto visado, e assim obtendo uma impressão tridimensional do objecto. Hildebrand separou a forma real – a forma como é - da forma percetual – a forma como é vista. Ele considerou que esta última é a que verdadeiramente interessa à arte e à estética, pois envolve tempo e movimento, e depende de vários factores como, iluminação, envolvência e ainda do ponto de vista do captador. A aplicação desta teoria à fotografia de arquitectura é clara. Cada imagem coloca-se numa linha entre os extremos, distância e envolvência, considerando o confronto entre a descrição e a sensação, a obtenção de informação e o comunicar de uma experiência.
Open Space Office centraliza-se no triângulo do mármore do Alentejo: Estremoz, Borba e Vila Viçosa.
Prepare to be taken down to the deep, dark recesses of the manmade megalith that is the industrial rock quarry. Turns out it’s not actually as spooky and soot-filled as we might imagine – in fact it’s a thing of wonder, full of infinite ladders, sunlit stone facades and pools of liquid turquoise. “It is difficult to transmit on film the personal experience...one feels and observes at these immense and torn sites,” says Mouraz of his two-year project in Portugal. And while he may decry a photograph’s ability to convey the total picture, I’d say he’s done an immense job capturing the sheer scale of our excavations into the earth’s crust.
Charlotte Simmonds em It’s Nice That! de, 7.03.13
As afirmações de Balz e de Hildebrand justificam-se ao observarmos estas imagens de Tito Mouraz. Não se tratam de arquitecturas, mas a forma como o ele as capta permitem lê-las como tal, assim como torna-se claro a forma como coloca a máquina em muitas destas imagens, dando-lhes uma dimensão que vai muito além de uma atitude documental. Não nos esqueçamos que se tratam de imagens analógicas, que pela sua natureza não permitem qualquer manipulação, e assim o que apercebemos é resultado da forma como o fotógrafo nos quer revelar estas pedreiras.
Sobre esta série fotográfica diz Tito Mouraz: “A série agora exposta foi realizada em Portugal durante 2 anos, e representa uma paisagem transformada que reflecte a existência humana como ser que constrói, reconstrói e a contempla. A paisagem aparece-nos, irreversivelmente, transformada tendo sido esta transformação que despertou o meu interesse para a concretização deste projecto, tomando, deste modo, a própria paisagem e respectiva matéria como referência.
Assim, estes trabalhos são acima de tudo representativos de uma realidade que sofre diariamente um processo acelerado de transformação. Portanto, as imagens não mostram mais do que uma realidade transitiva, numa paisagem natural paulatinamente em transmutação. São espaços imponentes únicos, de inegável impacto visual que conferem às imagens um grande conteúdo formal e plástico. Saliento, que estes foram os aspectos em que me concentrei, e visualmente tentei mostrar o que de melhor esta intervenção poderia oferecer ao olhar, quer ao nível da configuração formal, quer ao nível da harmonia cromática e lumínica que caracterizam estes espaços criadores de um ambiente sui generis. Neste sentido, estamos perante um diálogo entre a natureza e a acção humana, entre a harmonia do recorte texturizado e o que nele cresce, o que a envolve e transforma, como é particularmente visível nas primeiras imagens desta série, dando quase a ideia de um todo orgânico. Considero difícil transpor para a película a experiência pessoal de tudo o que se sente e de tudo o que se observa nestes locais rasgados e imensos, onde o silêncio é sentido de uma forma “anormal” e intimidatória. É sabido que a imagem não substitui o real.
Optei, por isso, por recortes integrantes, parcelas de horizonte escondido, de paisagem incompleta, propondo assim, outro modo de ver, já que a proximidade a estes locais, que crescem também no sentido inverso ao habitual, passam despercebidos ao espectador quase como lhe dando a oportunidade de os reconstruir.”
A anterior série Leitura(s) de Tito Mouraz, que constituiu uma das exposições dos Encontro de Imagem de Braga em, 2010, e depois incluída na exposição Portucale, em 2011, apresentada no Latvian Museum of Photography, Estónia e na Galeria Noorus, em Tartu do mesmo país, compos a primeira individual do fotógrafo no Módulo, que despertou imenso interesse junto de um público mais informado. Obras desta série figuram na colecção BES e em várias colecções particulares portuguesas e estrangeiras.